Imagino que boa parte dos gestores hoje devem recordar da época do boom das agências digitais
Por Simone Cyrineu, CEO e fundadora da thanks for sharing
Foi um período cheio de oportunidades no qual muitas empresas nasceram e cresceram. Eu mesma vi nascer de perto dentro da produtora em que trabalhava na época, meados de 2010, uma agência especializada em mídias sociais que funciona até hoje. Até as grandes agências tradicionais terceirizavam essa expertise para essas novas empresas.
Era muita demanda e poucos profissionais com conhecimentos técnicos e, claro, muita neblina pelo novo caminho que se abria no mercado criativo. Aos poucos, as coisas foram se acomodando, algumas agências digitais deixaram de existir, outras foram incorporadas pelas grandes agências e algumas marcas fizeram o movimento de internalizar esse know-how como um departamento dentro do marketing, em alguns casos de maneira até independente.
O grande salto do digital foi quando o mercado compreendeu que isso não era apenas um departamento nas empresas, que iria receber e desenvolver tais demandas. A internet e a tecnologia tinham ganhado uma nova perspectiva e relevância nas estratégias do negócio, era preciso que todas as áreas fossem ou incorporassem – de alguma forma – o digital em sua estratégia e suas ações, o departamento formalizado seria como catalisador e responsável por viabilizar essas inovações.
Falando em vídeos, o movimento que ocorre no mercado é parecido, puxado pelas startups, que usam e abusam da estratégia do marketing de conteúdo, quase todas têm pelo menos uma pessoa no time que faz os vídeos da marca.
Uma estratégia excelente quando olhamos para as pesquisas do mercado de vídeos. Segundo a Forrester Research, quando se trata de conhecer uma empresa, 85% das pessoas preferem ver um vídeo do que ler sobre ela. E se você usar a palavra “vídeo” no assunto do seu email marketing, pode aumentar as taxas de abertura em até 13%, diz a Experian, e nem vou citar aqui a cauda longa dos mecanismos de busca e SEO da web.
Recentemente, cada vez mais vem aumentando o número de empreendedores que me procuram para que eu indique algum profissional videomaker com o objetivo de internalizar sua produção. Sempre indico os melhores nomes de freelancers que já passaram por aqui, pois é do meu interesse fomentar o mercado.
Mas na outra ponta, também está aumentando o número de empreendedores que voltam, pois não conseguiram alcançar o volume de produção esperado. Mas por quê? Eu acredito que internalizar é um ótimo caminho a depender da estratégia do negócio, exceto por um fator muito importante quando falamos de audiovisual: workflow e escala.
Produzir um vídeo é algo extremamente processual, subjetivo e em alguns casos, demorado. De maneira bem resumida, para atingir um bom resultado você vai precisar passar pelas seguintes etapas:
1. Um bom briefing:
Não adianta vir com duas linhas de texto. Estamos falando de uma ferramenta estratégica que precisa comprovar seu ROI. Tratar a produção de um vídeo diferente disso é jogar dinheiro fora.
2. Criar um roteiro detalhado:
Traduzir a estratégia explicada no briefing para que o vídeo cumpra seu objetivo final e traga o ROI esperado não tem como acontecer sem um roteiro. O roteiro é o guia, o mapa para que saia tudo como esperado.
3. Executar a produção:
Hora de executar o roteiro. E aqui temos uma infinidade de caminhos criativos, podemos ter um vídeo apenas em animação 2D, pode envolver captação de imagens, cenas aéreas, 3D, locução, ilustração e as diversas técnicas criativas que o audiovisual permite.
É possível achar profissionais que fazem mais de uma função? É. Todas com excelência?
Vou deixar você refletir sobre essa resposta.
Mas ainda que você consiga essa pessoa para o seu time, seu maior desafio é: o tempo que cada uma dessas etapas precisa para que aconteçam versus a quantidade de pessoas no seu time, lembrando que a visão aqui é macro e simplificada, temos muitas outras etapas e subetapas fundamentais que nem foram citadas para chegar em um vídeo finalizado com um bom resultado.
Para entender quais profissionais você precisa internalizar é preciso fazer um estudo da sua estratégia de conteúdo, seja para social media, marketing, treinamento, vendas ou performance. E isso inclui avaliar não só a quantidade de entregas mensais que vai divulgar, mas também o tipo de vídeo que você precisa, se é apenas captação de imagens, telas de sistema ou animações mais sofisticadas. Qual funciona melhor para seu negócio? Você sabe?
Feche agora esse ciclo com processos bem definidos de gestão e revisão, além das ferramentas tecnológicas para automatizar e acelerar algumas etapas. Comece a rodar a produção dos vídeos e alinhe os aprendizados até a área ganhar ritmo.
Com isso tudo no papel e budget de investimento definido – não se esqueça dos equipamentos, avalie se ainda assim vale a pena trazer toda essa estrutura internamente ou se é possível achar um parceiro no mercado que com o mesmo investimento vai desafogar sua produção, deixar sua empresa mais leve e você com mais foco no core do negócio.
Assim como ocorreu com as agências digitais, produção de vídeo é um mercado ainda em expansão, um setor promissor que desempenha papel considerável na economia brasileira e arrecada R$ 25 bilhões por ano no país, o que representa aproximadamente 0,4% do PIB.
Não existirá estratégia certa ou errada e sim aquela que vai funcionar para o momento do seu negócio, existem muitos caminhos para que isso ocorra, de freelas a produtoras, passando por ferramentas de templates e DIY. Quanto mais você souber como funciona no detalhe a produção de um vídeo, mais embasada e assertiva será sua tomada de decisão.
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